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Metabolismo

O metabolismo do PCE no organismo produz vários metabolitos através de duas principais vias irreversíveis:

 

                                 a) Oxidação via sistema citocromo P450;

                                                           b) Conjugação com a glutationa pela glutationa-S-transferase (GST).

 

Os efeitos do PCE a nível do fígado (hepatotoxicidade) parecem estar associados ao metabolismo oxidativo do composto, enquanto os efeitos a nível renal (nefrotoxicidade) parecem estar relacionados com os metabolitos resultantes da conjugação com a glutationa [1].

 

Figura 1. Esquematização do metabolismo do PCE (Adapatado [2]).

A oxidação (Figura 1, esquerda) ocorre predominantemente no fígado originando um intermediário oxido-férrico (Fe-O), que origina numa primeira fase o cloreto de tricloroacetil (TCAC), que posteriormente é hidrolisado produzindo o ácido tricloroacético (TCA). Numa segunda fase, origina-se o epóxido (PCE-O), que se decompõe em dicloreto de etanodioilo (EDD) formando-se seguidamente monóxido de carbono (CO) e dióxido de carbono (CO2). O ácido oxálico (OXA) tem sido reportado como sendo um dos produtos da oxidação do PCE, tando in vitro como in vivo, podendo formar-se a partir do epóxido ou diretamente do composto intermediário oxidado [2].

 

A conjugação do PCE com a glutationa (Figura 1, direita) pode ocorrer no fígado ou no rim, originando a glutationa triclorovinil (TCVG). A TCVG é posteriormente processada pela γ-glutamil-transpeptidase (GGT) e cisteinilglicina dipeptidase (DP) no rim, formando um conjugado da cisteína, o S-triclorovinil-L-cisteína (TCVC). Esse conjugado pode ser bioativado pela β-líase ou pela flavina monooxigenase (FMO3s) ou CYP3A originando espécies reativas, ou então sofrer N-acetilação formando-se o N-acetiltriclorovinil-cisteína mercapturato (NAcTCVC). O NAcTCVC é posteriormente excretado na urina ou originar espécies reativas por ação da CYP3A. O ácido dicloroacético (DCA), excretado na urina, é um produto resultante da bioativação mediada pela β-líase, embora se pense que uma pequena percentagem deste produto possa advir da transformação do TCA [2].

[1]: Cristofori P, Sauer AV, Trevisan A (2015) Three common pathways of nephrotoxicity induced by halogenated alkenes. Cell Biology and Toxicology 31(1):1-13;

[2]: Guyton KZ, Hogan KA, Scott CS, Cooper GS, Bale AS, Kopylev L, Barone S Jr, Makris SL, Glenn B, Subramaniam RP, Gwinn MR, Dzubow RC, Chiu WA (2014) Human health effects of tetrachloroethylene: key findings and scientific issues. Environmental Health Perspectives 122:325–334.

 

Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Toxicologia Mecanística no ano letivo 2015/2016 do Curso de Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP). Este trabalho tem a responsabilidade pedagógica e científica do Prof. Doutor Fernando Remião (remiao@ff.up.pt) do Laboratório de Toxicologia da FFUP (www.ff.up.pt/toxicologia/)
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