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  Genotoxicidade

                       

                           

                                       Carcinogenecidade

Vários estudos epidemiológicos têm sido conduzidos nas indústrias de limpeza a seco, dada a ampla utilização do PCE nos Estados Unidos e na Europa.

 

Estima-se que os operários que trabalham nessas indústrias são expostos em média a 59 ppm desse composto (este valor depende do tipo de trabalho que é realizado). Os níveis de exposição nas indústrias de metais são também elevados, em média cerca de 100 ppm [1].

 

 

A exposição ao PCE tem sido associada ao desenvolvimento de cancro da bexiga, linfoma não-Hodgkin, e mieloma múltiplo em adultos. Existem, ainda, limitadas evidências que sugerem associação com cancro do esófago, rim, colo do útero e de mama [1].

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O PCE por si só não é reconhecido como sendo genotóxico. No entanto, alguns dos seus metabolitos como o TCVC, TCVG e o seu intermediário epóxido (ver metabolismo), induzem mutações genéticas na Salmonella typhimurium. Esta observação mostra a importância da bioativação do composto, na formação de metabolitos com potencial genotóxico [3]. 

 

As variações nos sistemas enzimáticos entre espécies estão na origem de diferenças na produção de metabolitos reativos nos diferentes tecidos e órgãos, o que se reflete numa diferente atividade carcinogénica nas diferentes espécies. De facto, em ratinhos o PCE está associado ao desenvolvimento de lesões no DNA a nível hepático, mas não renal, o que justifica o desenvolvimento de carcinomas hepáticos. Diferentemente, em ratos a exposição ao PCE tem demonstrado o desenvolvimento de carcinomas nas células tubulares renais [4]. 

Os vários estudos epidemiológicos conduzidos em trabalhadores das indústrias de limpeza a seco demonstram que estes trabalhadores apresentam um elevado risco de desenvolvimento de cancro da bexiga. Do conjunto de solventes a que estão expostos, o PCE é o único solvente identificado como tendo um potencial de induzir carcinomas da bexiga [2]. 

 

Classificação EPA

(Agência Proteção ambienteal Estados Unidos)

 

   - Susceptível de ser carcinogénico em humanos por todas as vias de exposição [5]

 

 

Classificação IARC 

(Agência internacional de investigação para o Cancro)

 

                   - Provavelmente carcinogénico em humanos (Grupo 2A) [6]

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

[1]: Guyton KZ, Hogan KA, Scott CS, Cooper GS, Bale AS, Kopylev L, Barone S Jr, Makris SL, Glenn B, Subramaniam RP, Gwinn MR, Dzubow RC, Chiu WA (2014) Human health effects of tetrachloroethylene: key findings and scientific issues. Environmental Health Perspectives 122:325–334.

 

[2]: Vlaanderen J, Straif K, Ruder A, Blair A, Hansen J, Lynge E, Charbotel B, Loomis D, Kauppinen T, Kyyronen P, Pukkala E, Weiderpass E, Guha N (2014) Tetrachloroethylene exposure and bladder cancer risk: a meta-analysis of dry-cleaning-worker studies. Environmental Health Perspectives 122:661–666.

 

[3]: Cristofori P, Sauer AV, Trevisan A (2015) Three common pathways of nephrotoxicity induced by halogenated alkenes. Cell Biology and Toxicology 31(1):1-13.

 

[4]: Cederberg H, Henriksson J, Binderup M-L (2010) DNA damage detected by the alkaline comet assay in the liver of mice after oral administration of tetrachloroethylene. Mutagenesis 25(2):133-138.

 

[5]: U.S. Environmental Protection Agency. (2012) Tetrachloroethylene (Perchloroethylene). Publication Number: 127-18-4. Disponível em: https://www3.epa.gov/airtoxics/hlthef/tet-ethy.html (acedido a 23/03/2016).

 

[6]: International Agency for Research on Cancer. (2014) IARC Monographs on the Evaluation of Carcinogenic Risks to Humans. Trichloroethylene, Tetrachloroethylene, and Some Other Chlorinated Agents. Volume 106: 234-279. Disponível em: http://monographs.iarc.fr/ENG/Monographs/vol106/mono106.pdf (acedido a 13/03/2016).

 

Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Toxicologia Mecanística no ano letivo 2015/2016 do Curso de Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP). Este trabalho tem a responsabilidade pedagógica e científica do Prof. Doutor Fernando Remião (remiao@ff.up.pt) do Laboratório de Toxicologia da FFUP (www.ff.up.pt/toxicologia/)
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